terça-feira, 13 de julho de 2010

TERCEIRO MUNDO, FESTIVO?

Os varais balançam seus pendurados coloridos com ventos de cá e de lá. Como testemunhas suspensas dos arredores e dos acontecidos, são guard-rails nas curvas onde estes mesmos ventos se assustam e fazem um novo sentido. Alimentam a nossa corajosa e insistente vontade – NECESSIDADE, em sua maior parte do tempo – de criar, “artimanhar” e adaptar.


Ao mesmo tempo, contínuos processos de violência e de “má-educação” ainda se fazem vivos. E não dá pra se dizer, com toda a arrogância talvez possível, que são processos de pessoas que vivem – AINDA - em outro tempo, em um passado bárbaro e rigoroso exibido em nossos televisores através de sinais distantes de eletricidade e filmes importados via Hollywood. A velocidade é que é outra.


Claro, não necessariamente tudo aquilo que vem de uma cultura e tradição tem que ser legal, bonito. Nos chama atenção, desperta a curiosidade. Dá aquela dor aguda nas tripas e inquieta. E impressiona quando, mesmo assim, suas vítimas ainda preservam em seus rostos – às vezes escondidos, às vezes mal tratados – um sorriso daqueles de festa. Festa para os seus santos, para suas colheitas, para agradecer e não só pedir.


O aparente exótico vira sustento.

Aquilo que é diferente é perseguido, assassinado e vira poção mágica para feiticeiros e curandeiros.

Animais passeiam em coleiras triunfando seu fim entre carinhos e barriga vazia.

Walt Disney pendurado feito cordel.

A fé alheia garante o aluguel, panela cheia e diversão.

O som de tambores de muito tempo se confunde com as teclas de computadores capengas espalhados em lan-houses nas mais diversas periferias.

Fita crepe vira solda.


São eles o terceiro mundo? Somos NÓS fatia desse mesmo bolo? Existe esse terceiro mundo? Tá, mas qual o primeiro e o segundo? Esse mundo, ele pode ser festivo? Que festa é essa?


Cores, cheiros, nuances, sobrevivências, atalhos, rebolados, quem não pode se sacode, vendedores ambulantes, gambiarras, vira-latas, um ponto pros santos, músicas eletro-manuais, inclusão obrigatória por leis nem sempre claras, farinha do mesmo saco, sotaques confusos, estoque de guerra armazenado nos unidos estados com parada obrigatória aqui e ali, cordão de isolamento, “coadjuvismo” em suas próprias histórias.


Terceiro mundo, festivo?

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