terça-feira, 28 de setembro de 2010

Kizomba e Afrobeat



    Você já ouviu falar do MPLA de Angola ou do MOP da Nigéria? A maioria das pessoas jamais saberá o significado dessas siglas, mas se a pergunta referir-se à Kizomba ou ao Afrobeat? Bem... as possibilidades de conhecimento serão melhores, pois, é comum que os movimentos musicais tenham maior alcance que os movimentos políticos. Você pode pensar: “Sim! Isso é lógico, a indústria cultural não vai veicular conteúdos rebeldes ou que levem ao questionamento do status vigente, e sim, peças e movimentos artísticos que nasçam ou tornem-se estimulantes de comportamentos ligados ao consumo alienado. Mas o que o MPLA e o MOP tem a ver com Kizomba e Afrobeat”? Bem entre os finais dos anos de 1950 e princípios de 1960 o MPLA agrupa as principais figuras do nacionalismo angolano, estudantes no exterior e lutadores contra o colonialismo, formando o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) de orientação comunista, para lutar contra o colonialismo português e, nos anos de 1980 Abel do Samba pertencente as FAPLA (Forças Armadas Popular de Libertação de Angola), asa armada do MPLA, liderava o grupo musical os Fachos que cria o estilo denominado Kizomba. Já na Nigéria em 1979 Fela Anikulapo Kuti inventor do Afrobeat, estilo musical que mistura o jazz, funk e música tradicional africana criou o partido Movimento Para o Povo - M.O.P (Movement Of the People).
   A Kizomba e o Afrobeat deram bem mais a saber sobre a exploração dos povos africanos pelo dito “1º mundo” que os movimentos políticos aos quais estavam ligados. Agora, você pode questionar: “Mas, a Kizomba que eu conheço é uma dança sensual que pouco fala de política, e o Afrobeat, é um estilo musical muito refinado para conseguir alcançar as massas”. Sim! Esta é a vitória atual da indústria cultural -absorver elementos que lhe interesse de movimentos contestatórios e os resignificar, a seu interesse, como novos itens diluídos nas prateleiras. A seu favor na construção e disseminação de valores e comportamentos favoráveis ao consumo de seus produtos, os empresários da cultura possuem, além das leis, “a deficiência do ensino público” e o monopólio da grande mídia na mão de poucas famílias. Mas nem sempre foi assim, na origem Kizomba e Afrobeat contém potenciais capazes de mobilizar, pela sedução, para busca de melhores condições existenciais para os milhões de seres miseráveis vistos como exóticos...

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